O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A INSUSTENTABILIDADE DO DESENVOLVIMENTO: A CRÍTICA AO IDEAL DE PROGRESSO A PARTIR DA TENSÃO ENTRE HEGEL E BENJAMIN

Lara Santos Zangerolame Taroco, Nelson Camatta Moreira

Resumo


A proposta do presente estudo é promover uma análise crítica do conceito de desenvolvimento sustentável a partir da tensão entre os aportes teóricos de Georg W. F. Hegel e Walter Benjamin, especialmente no que concerne as questões relacionadas ao progresso. A densidade e a atualidade dos estudos destes autores, cada qual a sua maneira, justificam sua escolha para a compreensão e crítica ao cenário atual, em que a concepção de desenvolvimento passa a aglutinar o atributo de “sustentável”, na pretensão de conciliar os âmbitos social, ambiental e econômico. Frete a este contexto, as críticas formuladas por Benjamin, em contraponto ao pensamento de Hegel a respeito do progresso, parecem apontar para pontos de incoerência na proposta do desenvolvimento sustentável do presente, gestada em âmbito internacional na década de 80, em face da exacerbação na exploração dos recursos naturais e dos riscos econômicos e socioambientais advindos destas práticas. Quando inserido no contraditório cenário moderno, a concepção de desenvolvimento sustentável também pode termina por fomentar a acepção de progresso que pretendida combater. Com base nesta aporia e nos subsídios teóricos fornecidos por Benjamin, a partir da crítica a Hegel, cabe identificar os traços de insustentabilidade da proposta de desenvolvimento sustentável, em uma abordagem crítica, que lança luz ao lado oculto do progresso, faceta comumente ofuscada pelas realizações materiais. Isso com vistas a identificar como esta acepção continua a se reproduzir por intermédio do discurso do desenvolvimento sustentável, que, por vezes, opera como camuflagem para a primitiva concepção progressista, objeto das críticas de Benjamin.

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